Para mim as supervisões sempre foram bastante angustiantes... Pelo menos até entrar na sala. A preparação que elas implicam sempre me angustiaram, o que escrever na ficha de supervisão, quais são as dúvidas que vou expor...
Esta última não foi excepção! Mais uma vez a preparação que esta implica, deixou-me mais uma vez preocupada... Mas mais uma vez, a supervisão mostrou-se ser um espaço de partilha e de aprendizagem que vai muito além do "despejar" de dúvidas.
No meio de muitas dúvidas o professor questiona-me sobre a minha capacidade reflexiva, ao que eu prontamente lhe respondo que é boa... Mas mais uma vez não fiquei sem resposta, e mais uma vez foi-me posta uma daquelas questões que incomoda: "E onde está reproduzida essa reflexão?"
Pois bem... Para esta pergunta eu já não tive resposta... Pois materializar a reflexão é algo que não faço. E porquê? Não porque pense que a reflexão é uma etapa sem importância e pela qual podemos passar levemente, mas porque preciso de estar sempre em movimento e porque para mim reflectir poderia ser apenas um processo mental que não precisava de ser materializado. Pois que estava enganada... E o professor tentou explicar-me isso mesmo...
A reflexão não é apenas mais uma etapa, é uma etapa essencial para a nossa intervenção, é importante percebermos que não podemos centrar-nos apenas no fazer, fazer, fazer. Não que isso seja errado, mas é preciso reflectir, questionarmo-nos constantemente sobre a nossa prática, sobre o que a sustenta. Caso contrário, corremos o risco de nos desgastarmos de tal forma que ao fim de muito pouco tempo deixa de fazer sentido a nossa acção. E porquê? Porque não procuramos um sentido para ela na nossa reflexão.
Como já aqui disse, para mim ser Assistente Social passa muito por nos darmos ao outro, e faz-me todo o sentido fazê-lo através da nossa acção! O tal fazer, fazer, fazer... Que para mim faz todo o sentido pois é pelo outro que o faço... Mas... Alguém me colocou o "mas" fundamental... "Quem lhe disse que reflectir não é também pelos outros?" Foi difícil para mim entender este pergunta e acima de tudo perceber a resposta... Mas com muita reflexão lá percebi que uma acção que tem o apoio da reflexão pode ajudar muito mais o outro do que o 'fazer, fazer, fazer'!
A reflexão faz-nos questionar a nossa forma de agir, faz-nos pensar naquilo que fizemos bem e que devemos voltar a repetir, mas acima de tudo faz-nos pensar naquilo que fizemos mal e em como podemos não voltar a repeti-lo...
Acima de tudo consegui perceber que a reflexão é algo que nos pode ajudar a não "enlouquecer" ao fim de pouco tempo...
Posto isto, e depois de entendida a importância da reflexão... Foi-me dado um trabalho de casa para pôr em prática a minha reflexão...
"Que Assistente Social quero ser daqui a 10 anos?"
Nos últimos dois anos e meio temos conhecido vários Assistentes Sociais, que trabalham nas mais variadas áreas, desde a área sénior à infanto-juvenil, passando também pela saúde. De todos estes que temos conhecido é óbvio que há uns que marcaram (e continuam a marcar) o nosso percurso académico e para os quais olhamos como uma referência...
Aqui não vos vou dizer com qual deles me quero parecer mais... Mas sim explicar-vos que Assistente Social quero eu, Vanessa Santos, ser...
Não quero ser nenhum outro Assistente Social, quero aproveitar todo o conhecimento que cada um deles me transmite, conhecer com a prática deles as boas práticas que eu própria espero seguir... Mas acima de tudo quero ser eu...
E que eu Assistente Social é este?
É alguém que espera nunca largar aquela ânsia do 'fazer, fazer, fazer' para o outro... Mas também espero ser aquela Assistente Social que se lembra de reflectir sobre a sua prática, tentando sempre encontrar momentos de auto-crítica que lhe permitam melhorar sempre a sua acção... Porque se é para o outro que me proponho a agir... É também pelo outro que reflicto e questiono a minha acção...
Portanto... Para ser esta Assistente Social que apoia a sua prática com uma atitude reflexiva tenho de aprender a reflectir, a questionar e a criticar toda a acção que vou desenvolvendo...
Continuando este caminho
A estagiária
